Apesar dos bons registros de chuva no Ceará em fevereiro, que já superaram a média histórica para o mês e garantiram alguma recarga nos açudes, o cenário não é tão animador para os próximos três meses, que completam a quadra chuvosa no Estado.
Isso porque o trimestre março/abril/maio tem maior probabilidade de chuvas abaixo da faixa normal na maior parte do território cearense, conforme a previsão climática sazonal do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), elaborada no último dia 22 de fevereiro.
A previsão é baseada em um método desenvolvido em parceria com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Contudo, a entidade estadual ainda não divulgou o segundo prognóstico próprio, para o mesmo período. O primeiro, divulgado em janeiro e que vale até abril, indicou probabilidade de 45% de chuvas abaixo do normal.
No ano passado, o prognóstico climático da Funceme para o trimestre março, abril e maio de 2023 apontou um cenário bem diferente: tinha 40% de probabilidade para chuvas acima da normalidade, 40% em torno dela e 20% abaixo. Como resultado, o Ceará ficou em torno da média e teve a melhor quadra chuvosa em três anos.
Conforme o Inpe, a previsão indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal sobre parte das regiões Norte e Nordeste do Brasil. “Sobre a porção norte do Nordeste, a tendência é de chuvas abaixo da média, devido ao El Niño, atuando conjuntamente com condições mais quentes do que o normal no Atlântico tropical norte”, explica.
De acordo com o modelo do CPTEC, no Ceará, o pior cenário deve ser vivenciado no extremo do Litoral Oeste, onde há entre 70% e 80% de chances de as chuvas ficarem abaixo da média
O restante do litoral, o Vale do Jaguaribe, a serra da Ibiapaba e os Sertões Central, de Crateús e Inhamuns podem ter entre 50% e 70% menos precipitações. No Centro Sul e parte do Cariri Oeste, o cenário é de 40% a 50% de probabilidade para a categoria abaixo da média.
Somente alguns trechos do Cariri Leste estão na categoria branca e têm igual probabilidade para as três categorias (abaixo, dentro e acima da média).
O novo boletim reforça o descrito no boletim de dezembro do Inpe, pelo qual o trimestre janeiro/fevereiro/março teria maior probabilidade de chuvas abaixo da faixa normal no Ceará, além da possibilidade de ocorrência “de períodos com excesso de calor”.
Por outro lado, sobre parte da Região Sul do Brasil, de Mato Grosso do Sul, São Paulo e áreas da Região Norte, a previsão indica maior probabilidade de chuva acima da faixa normal.
Segundo o boletim, as condições de temperatura superficial no Oceano Pacífico equatorial mantêm o padrão de anomalias positivas, porém com menores magnitudes em relação aos meses anteriores, “mas ainda assim, indicando a atuação do fenômeno El Niño”.
O Inpe aponta que foram observadas chuvas acima dos valores (médios) climatológicos, resultando em excesso de precipitação entre o Pará, Tocantins, Bahia, norte do Espírito Santo e Rio Grande do Sul, nordeste de Minas Gerais, e parte do Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A temperatura máxima no mês de janeiro apresentou valores acima da média em grande parte do MS e de SP, além de parte da Região Nordeste.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica, em informativo, que grande parte da Região Nordeste pode ter chuva em forma de pancadas até o dia 6 de março. Ela pode ocorrer com maior intensidade em áreas do Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia, onde não se descartam volumes superiores a 70 mm. Nas demais áreas, não se descartam pancadas de chuva isoladas com menores acumulados.
Até o momento, em fevereiro, o Ceará já registrou 168.4 milímetros, volume quase 39% superior à média histórica para o mês, de 123.1 milímetros. Os dados são do Calendário de Chuvas da Funceme. Com isso, neste mês, o volume dos açudes cearenses cresceu de 37,2% para 37,9%.
Fonte: Diário do Nordeste