Os primeiros meses do ano marcam o período de maior propagação de vírus respiratórios no Ceará, sendo o Rinovírus/Enterovírus humano, o da Influenza A e o Adenovírus os mais circulantes até o momento de 2024. Os especialistas frisam a necessidade de manter o calendário vacinal em dia e dos cuidados com a higiene para evitar as gripes do período de chuva. No último ano, a alta disseminação do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) aumentou a demanda dos hospitais, principalmente do público infantil, sendo o principal responsável pelas gripes no primeiro semestre. As informações são da Rede Sentinela da Síndrome Gripal da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
O setor da Sesa analisou 7.368 amostras em 2023 para identificar quais os vírus mais afetaram a população no Estado. O VSR (2.619), o coronavírus (1.669) e o Rinovírus/Enterovírus humano (958) ficaram no topo da lista.
A pesquisa acontece de forma amostral com coletas feitas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), postos de saúde e hospitais regionais, por exemplo. A Rede Sentinela possui, pelo menos, uma unidade em cada uma das cinco regiões do Estado, sendo formada por 14 pontos.
Pâmela Linhares, assessora técnica na vigilância epidemiológica pela Sesa, explica que o monitoramento atual aponta a maior proliferação do Rinovírus/Enterovírus humano.
"O que nós podemos prever é que nós já temos a identificação do vírus da influenza A, B (de maneira muito sutil), o vírus sincicial respiratório não está aparecendo e talvez a gente tenha uma grande identificação de Rinovírus/Enterovírus humano, que também está no seu período sazonal", detalha.
"Fortaleza é uma cidade extremamente turística e esses vírus de potenciais pandêmicos estão ligados à circulação de pessoas de outros territórios, países e continentes. Então, precisamos estar muito vigilantes", completa Pâmela.
O aumento da circulação dos vírus já é algo esperado para o período, e o caso do Vírus Sincicial pode estar ligado ao retorno das atividades presenciais depois dos isolamentos em decorrência da pandemia de Covid.
“Alguns especialistas acreditam que por causa dos anos com as medidas restritivas, as crianças não tiveram contato com os vírus e, ao obterem esse contato, acabou se criando todo esse prejuízo à rede”, acrescenta.
O rinovírus causa, na maioria das vezes, o resfriado. Entre os sintomas, coceira no nariz ou irritação na garganta, espirros, secreções nasais e congestão nasal fazem parte da doença, conforme o Ministério da Saúde.
Ao contrário da gripe, a maioria dos adultos e crianças não apresenta febre ou apenas febre baixa. Já os enterovírus habitam normalmente o sistema digestivo e podem provocar estomatites (espécie de afta que afeta a mucosa da boca). Essa infecção é mais comum até os cinco anos de idade.
Além disso, também é preciso educar os pequenos para evitar o contágio pelos vírus respiratórios.
“Temos de ensinar a criança como tossir no cotovelo e não com a mão, a higienizar as mãos, limpar o narizinho com um lenço. Também não devemos levar a criança para a escola com sintomas de infecção respiratória porque vai contaminar os outros”, conclui.
Pâmela Linhares contextualiza o fortalecimento na rede de vigilância para acompanhar quais são os tipos de vírus respiratórios mais comuns no Estado. Desde abril de 2021 há um esforço para ter amostras representativas de todas as regiões do Ceará.
“A gente identifica os casos e pedimos a coleta destes pacientes com suspeita para síndrome gripal, algo mais leve, ou os que necessitam dos serviços de saúde e isso impacta nas internações”, detalha a assessora.
A ideia é acompanhar a variação dos tipos de vírus e estabelecer estratégias para o combate das doenças. "Fortaleza é uma cidade extremamente turística e esses vírus de potenciais pandêmicos estão ligados à circulação de pessoas de outros territórios, países e continentes. Então, precisamos estar muito vigilantes", completa.
Fonte: Diário do Nordeste